UTILIZAÇÃO DO BIOMARCADOR INOVADOR DE DANO RENAL CISTATINA C URINÁRIA EM RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS COM SEPSE E INFECÇÃO NEONATAL

Autores

  • Arthur da Silva Rebouças
  • Geraldo Bezerra da Silva Junior
  • Alice Maria Costa Martins
  • Gdayllon Cavalcante Meneses
  • Rosângela Pinheiro Gonçalves Machado
  • Clarissa Maria Gonçalves Machado
  • Rodolfo de Melo Nunes
  • Romélia Pinheiro Gonçalves Lemes

DOI:

https://doi.org/10.25110/arqsaude.v27i4.2023-028

Palavras-chave:

Injúria Renal Aguda, Sepse, Biomarcadores, Cistatina-C

Resumo

Recém-nascidos (RNs) são susceptíveis a infecções neonatal (INN) e a sepse devido à imaturidade do sistema imunológico. As INN podem ser transmitidas para o feto através da placenta ou durante ou após o nascimento. Já a sepse é uma disfunção orgânica que compromete fígado, pulmões, coração e rins, aumentando o risco de óbito. No caso específico dos rins, ela desencadeia a Injúria Renal Aguda (IRA). Estudos recentes mostram que a investigação de novos biomarcadores renais para o diagnóstico precoce de IRA é necessária devido às limitações atuais do diagnóstico. Dentre os biomarcadores, destacam-se a Cistatina-C urinária. O presente estudo teve como objetivo avaliar a uCysC como um preditor de IRA em RNs prematuros com diagnóstico de sepse ou INN. Trata-se de um estudo transversal, descritivo e observacional com 64 RNs prematuros, sendo 20 prematuros com infecção neonatal (INN), 20 com sepse neonatal (RNsepse) e 20 controles, na Maternidade Escola Assis Chateaubriand (MEAC), Fortaleza - Ceará.  O diagnóstico de INN e sepse foi realizado por meio das diretrizes internas da MEAC. As variáveis clínicas e laboratoriais referentes aos RNs foram obtidas de prontuários clínicos. As análises de Cistatina urinários foram realizadas por metodologia de imunoensaio enzimático (ELISA). A significância estatística com p<0,05. Peso ao nascer (p=0,001), ventilação mecânica (p=0,004), intubação (p<0,001), reanimação na sala de parto (p=0,008) e ao grau de prematuridade (0,007) apresentaram significância estatística quando relacionado com o INN/SEPSE. Já as variáveis como sexo, classificação PESO/IG (p=0,350), via de parto(p=0,785) e asfixia/anóxia perinatal (p=0,976) não apresentaram significância estatísticas quando comparadas aos grupos INN/SEPSE. Em relação ao tempo de internação superior a 30 dias foi possível observar que o grupo INN apresentou 12(60%) e o grupo sepse 14 (70%). O diagnóstico da LRA pelo KDIGO neonatal apresentou (p=0,002), sendo estatisticamente significativo, onde 4 (20%) com INN tiveram LRA detectada pelo KDIGO baseado na creatinina sérica e 7 (35%) com sepse tiveram a LRA. O grupo INN apresentou níveis médios de 872,29 ng/mg-Cr (242,5 - 3467,64), sepse 3058,93 ng/mg-Cr (376,18 - 4631,75) quando comparado ao controle 152,19 ng/mg-Cr (106,35 - 291,86), apresentando significância estatística com p<0,001. Conclui-se que a uCysC é um biomarcador promissor no diagnóstico precoce de IRA em RNs prematuros com INN ou sepse, abrindo a possibilidade de, no futuro, ele possa ser utilizado no monitoramento das complicações associadas às infecções neonatais.

Referências

ABDELAAL N.A; SHALABY S.A; KHASHANA A.K; ABDELWAHAB A.M. Serum cystatin C as an earlier predictor of acute kidney injury than serum creatinine in preterm neonates with respiratory distress syndrome. Saudi J Kidney Dis Transpl. v.28, n.5, p.1003-1014, 2017. . Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28937056/ Acesso em: 26 fev. 2023.

BRASIL. Protocolos Clínicos. Sistema de Gestão da Qualida-de. Infecção Neonatal Tardia. Fortaleza: ProdMED-Neo.033, R.1, 2019. Disponível em:https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-nordeste/ch-ufc/acesso-a-informacao/protocolos-e-pops/protocolos-meac/maternidade-escola-assis-chateaubriand/neonatologia/pro-med-neo-033-r1-infeccao-neonatal-tardia.pdf/view Acesso em: 09 mar. 2023.

BRASIL. Protocolos Clínicos. Sistema de Gestão da Qualidade. Lesão Renal Agu-da Neonatal. Fortaleza: ProdMED-Neo.037, V.3, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-nordeste/ch-ufc/acesso-a-informacao/protocolos-e-pops/protocolos-meac/maternidade-escola-assis-chateaubriand/neonatologia/pro-med-neo-037-v3-lesao-renal-aguda-neonatal.pdf/view Acesso em: 09 mar. 2023.

CLETO-YAMANE, T. L.; GOMES, C. L. R.; SUASSUNA, J. H. R.; NOGUEIRA, P. K. . Acute Kidney Injury Epidemiology in pediatrics. J. Bras. Nefrol., v. 41, n. 2, p. 275-283, 2019 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-28002019000200275&lng=en&nrm=iso . Acesso em: 17 set. 2019.

CRUMP, C.; SUNDQUIST J.; WINKLEBY, M. A.; SUNDQUIST, K. Preterm birth and risk of chronic kidney disease from childhood into mid-adulthood: national cohort study. BMJ, v.365, n.1, p.1346, 2019. Disponível em: https://www.bmj.com/content/365/bmj.l1346 . Acesso em: 24 set. 2019.

ELMAS A.T; TABEL Y; ELMAS O.N. Serum cystatin C predicts acute kidney injury in preterm neonates with respiratory distress syndrome. Pediatr Nephrol. v.28, n.3, p.477-484, 2013. Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23070277/ Acesso em: 26 fev. 2023.

FARIAS FILHO, F. T. de; MALAFAIA, M. C. S.; MARTINS, E. T.;. Acute kidney injury diagnosis in Intensive Care Units: biomarkers or Information?. J. Bras. Nefrol., v. 39, n. 1, p. 95-96, 2017 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-28002017000100095&lng=en&nrm=iso . Acesso em: 16 set. 2019.

FILHO, José Damião da Silva; SILVA, Francisco Wanderlei de Lima; MELO, Anielle Tor-res; PINHO, Lucimary Leite de; SOUSA, Rosângela Lima, RAMALHO, Ane Kelly Lima; LEITE, Ana Caroline Rocha de Melo; ELIAS, Darcielle Bruna Dias; NUNES, Rodolfo de Melo. O impacto da pandemia da covid-19 na saúde mental de estudantes universitários. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, Umuarama, v.27, n.2, p.574-592, 2023. http://dx.doi.org/ 10.25110/arqsaude. v27i2.2023-003.

FREIRE, K. M. S.; BERSOLIN, N. L.; FARAH, A. C. F.; CARVALHO, F. L. C.; GÓES, J. E. C. Lesão renal aguda em crianças: incidência e fatores prognósticos em pacientes gravemente enfermos. Rev. bras. ter. intensiva, v. 22, n. 2, p. 166-174, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2010000200011&lng=en&nrm=iso. Acesso em 16 set. 2019.

KDIGO. Kidney Disease; Improving Global (KDIGO) Outcomes Acute Kidney Injury Work Group. KDIGO clinical practice guideline for acute kidney injury. Kidney Int Suppl. v.2, n.1, p. 1-138, 2012. Disponível em: https://kdigo.org/wp-content/uploads/2016/10/KDIGO-2012-AKI-Guideline-English.pdf Acesso em: 16 out. 2019.

KHOSRAVI N; ZADKARAMI M; CHOBDAR F; HOSEINI R; KHALESI N; PANAHI P; KARIMI A. The Value of Urinary Cystatin C Level to Predict Neonatal Kidney Injury. Curr Pharm Des. v.24, n.25, p. 3002-3004, 2018. Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30227813/ Acesso em: 26 fev. 2023.

LEVI, T. M.; SOUZA S. P. de; MAGALHÃES, J. G. de; CARVALHO, M. S. de; CUNHA, A. L. B.; DANTAS, J. G. A. O. de; CRUZ, M. G.; GUIMARÃES, Y. L. M.; CRUZ, C. M. S. Comparação dos critérios RIFLE, AKIN e KDIGO quanto a capacidade de predicao de mortalidade em pacientes graves. Rev. bras. ter. intensiva, v. 25, n. 4, p. 290-296, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2013000400290&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 16 set. 2019.

LI, Y. et al. Impact of sepsis on the urinary level of interleukin-18 and cystatin C in crit-ically ill neonates. Berlin: Pediatr Nephrol, v. 28, n. 1, p. 135-144, 2013. Disponível em: https:// link.gale.com/apps/doc/A335070829/AONE?u=capes&sid=AONE&xid=039634b7. Acesso em: 06 mar. 2021.

LI, Y.; FU, C.; ZHOU, X.; XIAO, Z.; ZHU, X.; JIN, M.; LI, X.; FENG, X. Urine interleukin-18 and cystatin-C as biomarkers of acute kidney injury in critically ill neonates. Pediatr Nephrol, v.27, n.5, p. 851-860, 2012. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22228436. Acesso em: 16 set. 2019.

LIANG L.D; KOTADIA N; ENGLISH L; KISSOON N; ANSERMINO J.M; KABAKYENGA J. Predictors of mortality in neonates andinfants hospitalized with sepsis or serious infections in develop-ing countries: a systematic review. Front Pediatr. v.6, p.277, 2018. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30356806/ Acesso em: 11 dez. 2022.

LIN, X.; YUAN, J.; ZHAO, Y.; ZHA, Y. Urine interleukin-18 in prediction of acute kidney injury: a systemic review and meta-analysis. Journal Nephrology, v.28, n.1, p. 7-16, 2015. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4322238/. Acesso em: 15 set. 2019.

PEERAPORNRATANA S; MANRIQUE-CABALLERO C.L; GÓMEZ H; KELLUM J.A. Acute kidney injury from sepsis: current concepts, epidemiology, pathophysiology, prevention and treatment. Kidney Int., v.96, n. 5, p.1083-1099, 2019.

SINGER M; DEUTSCHMAN C. S; SEYMOUR C.W; SHANKAR-HARI M; ANNANE D; BAUER M. The third international consensus definitions for sepsis and septic shock (sepsis-3). JAMA. v.315: p. 801–10, 2016. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4968574/ Acesso em: 11 dez. 2022.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Prevenção da prematuridade – uma intervenção da gestão e da assistência. Documento Científico. Departamento Científico de Neonatologia. v.1, n.2, p. 1-6, 2017. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/20399b-DocCient__Prevencao_da_prematuridade.pdf . Acesso em: 23 set. 2019.

SOUZA, S. P. de; MATOS, R.S.; BARROS, L. L.; ROCHA, P. N. Inverse association between serum creatinine and mortality in acute kidney injury. J. Bras. Nefrol., v. 36, n. 4, p. 469-475, 2014 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101 28002014000400469&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 16 set. 2019.

VIANA T.P.; ANDRADE I. S. N. de; LOPES A. N. M; Desenvolvimento cognitivo e linguagem em prematuros. Audiology - Communication Research (ACR), v. 19, n. 1, p. 1-6, 2014 .Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/acr/v19n1/2317-6431-acr-19-1-0001.pdf . Acesso em: 23 set. 2019.

WENTOWSKI C.; MEWADA N.; NIELSEN N.D. Sepsis in 2018: a review. Anaesthesia & Intensive Care Medicine. v.7,n.1, p.6-13, 2019. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1472029918302558 Acesso em: 14 out. 2019.

Downloads

Publicado

11-05-2023

Como Citar

Rebouças, A. da S., da Silva Junior, G. B., Martins, A. M. C., Meneses, G. C., Machado, R. P. G., Machado, C. M. G., … Lemes, R. P. G. (2023). UTILIZAÇÃO DO BIOMARCADOR INOVADOR DE DANO RENAL CISTATINA C URINÁRIA EM RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS COM SEPSE E INFECÇÃO NEONATAL. Arquivos De Ciências Da Saúde Da UNIPAR, 27(4), 2045–2064. https://doi.org/10.25110/arqsaude.v27i4.2023-028

Edição

Seção

Artigos