AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DE FORMULAÇÕES DE ÁLCOOIS EM GEL COMERCIALIZADAS NA CIDADE DE IRECÊ-BA

Autores

  • Salvana Priscylla Manso Costa
  • Elen Santos Dias
  • Yula Rodrigues Sodré
  • José Marcos Teixeira de Alencar Filho
  • Joseneide Alves de Miranda
  • Maria Fernanda Burgo de Oliveira Cavalvanti
  • Ighor Costa Barreto
  • Lucas Amadeu Gonzaga da Costa

DOI:

https://doi.org/10.25110/arqsaude.v27i5.2023-002

Palavras-chave:

Covid-19, Higienização das Mãos, Álcool em Gel

Resumo

Já é sabido que a higiene das mãos é a principal arma na prevenção de doenças infecciosas dentro e fora dos hospitais.  No caso do vírus SARSCoV-2, a higienização das mãos é essencial, tendo em vista a possibilidade de contaminação pelo contato direto com as gotículas respiratórias ou pelo contato indireto. Existem no mercado diversas opções de produtos antissépticos disponíveis para uso pela população. No entanto, nenhum é 100% eficaz em todas as situações. Dentre esses diversos produtos disponíveis, o etanol 70% é o mais utilizado para a aplicação nas mãos, sendo veiculado na forma farmacêutica gel para facilitar a aplicação. As formas farmacêuticas gel contendo etanol 70% podem ser industrializadas ou manipuladas. Quando essas formulações são manipuladas, elas são isentas de registro na Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA), não sendo exigidos nem mesmo os testes de segurança e eficácia que são exigidos para o registro de produtos industrializados. Para os manipulados, são realizados apenas os testes de descrição, aspecto, características organolépticas (cor e odor) pH e peso. Desta forma, a realização deste trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade, incluindo características físico-químicas de amostras de álcool em gel manipuladas na cidade de Irecê-Ba, e compará-las com um produto industrializado de marca conhecida. Foram analisados os aspectos e características organolépticas, determinação do potencial de hidrogênio (pH), densidade, espalhabilidade, viscosidade, estabilidade (resistência a centrifugação) e teor alcoólico de 4 amostras (2 amostras industrializadas, denominadas A e B adquiridas em diferentes farmácias de manipulação da cidade, e 2 amostras magistrais, denominadas de amostra C e D. Sendo assim, observou-se que nenhuma das amostras se enquadraram nos parâmetros estabelecidos, como o pH mais ácido, densidade e viscosidade fora do padrão, diferentes comportamentos de espalhabilidade e teor alcoólico abaixo do ideal, apontando inconformidades que afetam a qualidade e ação do produto. Os resultados encontrados nesse estudo possibilitam concluir que as amostras de álcool gel de origem magistral apresentaram-se muito semelhante em termos de qualidade aos produtos industrializados. Portanto, entende-se que, apenas uma elaboração de leis não seja suficiente para garantir a qualidade e segurança do produto, se faz necessário uma fiscalização mais rigorosa e elaboração de leis mais qualificadas.

Referências

ALI I, ALHARBI, O.M.L. Covid-19: disease, management, treatment, and social Impact. Sci Total Environ, v. 728, v. 138861, 2020.

ANDRADE, D., et al. Álcoois: a produção do conhecimento com ênfase na sua atividade antimicrobiana. Medicina (Ribeirão Preto), v. 35, n. 1, p. 7-13, 2002.

ANDRADE, D; BERALDO, C.C; WATANABE, E.; OLIVEIRA, B.A.; ITO, I.Y. Atividade antimicrobiana in vitro do álcool gel a 70% frente às bactérias hospitalares e da comunidade. Medicina Ribeirão Preto, v.40, n. 2, p.250-2, 2007.

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Gerência Geral de Cosméticos. Guia de estabilidade de produtos cosméticos. Brasília, DF. 1ª edição, 2004.

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia Brasileira, 6ª ed., 2019.

ARARUNA, Fernanda Oliveira Sousa et al. Máscaras de tecido na prevenção da COVID-19: expectativa ou realidade?. Revista de Saúde Coletiva da UEFS, v. 11, n. 1, p. e5929-e5929, 2021.

BRAGA, G.K. Identificação dos riscos sanitários na manipulação de medicamentos alopáticos não estéreis em farmácia comunitária e o papel das boas práticas de manipulação no controle desses riscos. 2009. 126 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

BRASIL. Resolução da diretoria colegiada – RDC nº 46, de 20 de fevereiro de 2002. Dis¬põe sobre os riscos oferecidos à saúde pública decorrentes de acidentes por queima-dura e ingestão, principalmente em crianças, em virtude da forma física para o álcool etílico. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, Brasilia, 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira (FNFB). 2. ed. Brasília: Anvisa, 2012.

BRASIL, Resolução de Diretoria Colegiada - RDC nº 422, de 16 de setembro de 2020. Define critérios e os procedimentos extraordinários e temporários para a fabricação e comercialização de preparações antissépticas ou desinfetantes sem prévia autorização da Anvisa. Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, 2020.

BRASIL. Resolução RDC 67, de 8 de outubro de 2007. Dispõe sobre as boas práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em Farmácias. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, 2007.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Guia de Controle de Qualidade de Produtos Cosméticos. 2ª edição, revista – Brasília: ANVISA, 2008.

BARZOTTO, I.L.M, et al. Gel Alcoólico a 70% com Hidroxietilcelulose. Revista Cos-metics e Toiletries, v. 32, p. 40-43, 2020.

BOOQ, R. Y., ALSHEHRI, A. A., ALMUGHEM, F. A., ZAIDAN, N. M., ABURAYAN, W. S., BAKR, A. A., TAWFIK, E. A. Formulation and evaluation of alcohol-free hand sanitizer gels to prevent the spread of infections during pandemics. International Journal of Environmental Research and Public Health, v.18, n. 12, p. 6252, 2021.

CASSARO, L. A. G. et al. REVIEW COVID-19 (SARS-COV-2) AND MEDICINAL PLANTS – LITERATURE. Arquivos de Ciências da Saúde da Unipar, [S.L.], v. 26, n. 3, p. 1376-1397, 27 set. 2022. Universidade Paranaense.

CÉSAR, J., PAOLI, M.A. & ANDRADE, J. C. A determinação da densidade de sólidos e líquidos. Revista Chemkeys, n. 7, p. 1-8, 2004.

GISCH, C., et al. Caracterização e eficácia de álcool gel. Revista Cosmetics e Toiletries, v. 29, p. 48-54, 2017.

GRAEFF, D. F., BARZOTTO, I. L. M. & OLIVEIRA, S. M. M., VIRTUOSO, S. Avaliação da qualidade do álcool gel utilizado no comércio de Cascavel - PR. Editora Científica, p.142-156, 2021.

LAMBERS H., PIESSENS S., BLOEM A., PRONK H., FINKEL P. Natural skin surface pH is on average below 5, which is beneficial for its resident flora. Int. J. Cosmet. Sci., v. 28, p. 359–370, 2006.

LIDE, D.R. Handbook of Chemistry and Physics, 85th Edition, Volume 85. Front Cover. CRC Press, Jun 29, 2004.

MALINCONICO, Maria Cyntia Kerle Calado Lima. Adesão à higienização das mãos como controle de infecção hospitalar na pandemia da COVID-19: Revisão bibliográfica. Research, Society and Development, v.10, n.9, e18410917848, 2021.

MELO EKS, CARVALHO ALM, BORBA VFC, SOUSA GD, TABOSA MAM, LEAL LB. Análise e estudo viscosimétrico de diferentes géis de cetoprofeno 2,5%. Rev de Ciênc Farm Básica e Aplicada (1):95-99, 2013.

MELO CASM, et al. Elaboração de géis e análise de estabilidade de medicamentos. Belém: EDUEPA, 2018.

PARRA J.L., PAYE M. EEMCO guidance for the in vivo assessment of skin surface pH. Skin Pharmacol. Appl. Skin Physiol. v. 16, p. 188-202, 2003.

RAMOS, M.J., FERNANDES, P.A. O álcool contra a COVID-19. Rev. Ciência Elem., v.8, n. 2, 2018.

RAZERA, Y. A., et al. Quality control of 70% liquid and gel alcohol during use in a university pharmacy. Brazilian Journal of Development, v. 8, n. 4, p. 28226-28245, 2022.

REIS, J.P.Z. Dosagem de etanol utilizando alcool desidrogenase de levedura de panificação. 2006. 66 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, São Paulo, 2006.

RIPPKE F., SCHREINER V., SCHWANITZ H.J. The acidic milieu of the horny layer: New findings on the physiology and pathophysiology of skin pH. Am. J. Clin. Dermatol, n. 3, p. 261–272, 2002.

RODRIGUES, I.C; ANDRADE, L.H.G; & ANDRADE, R.F. Qualidade físico-química do álcool em gel disponibilizada em estabelecimentos comerciais no município de Vitória da Conquista–BA durante o período de pandemia do COVID-19. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento, v. 11, n.7, 2022.

ROGGIA, I, et al. Validação de Metodologia Analítica para a Determinação de benzofenona-3 nanoencapsulada Incorporada em Creme gel e Estudo da estabilidade físico química. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., v. 35, n. 2, 2014.

SANTOS, A.A.M. et al. Importância Do Álcool No Controle De Infecções Em Serviços De Saúde. Rev. adm. Saúde, v. 4, n. 16, p. 7-14, 2002.

SETO, W. H. et al. Effectiveness of precautions against droplets and contact in prevention of nosocomial transmission of severe acute respiratory syndrome (SARS). The lancet, v. 361, n. 9368, p. 1519-1520, 2003.

SEQUINEL, R., et al. Soluções a base de álcool para higienização das mãos e superfícies na prevenção da covid-19: compêndio informativo sob o ponto de vista da química envolvida. Química Nova, v. 43, p. 679-684, 2020.

SILVA, K. E. R. et al. Modelos de avaliação da estabilidade de fármacos e medicamentos para a indústria farmacêutica. Revista de ciências farmacêuticas básica e aplicada, v. 30, n. 2, 2009.

SILVA, E.C.D. Caracterização e eficácia de formulações de álcool gel magistrais e industrilizadas. 2019. Monografia (Farmácia) - Universidade de Uberaba, Minas Gerais, 2019.

SILVA, G.C. Avaliação da eficácia bactericida e fungicida do álcool em gel 70% manipulado na Farmácia-Escola da Universidade de São Caetano do Sul (FarmaUSCS) comparado ao álcool em 70% do mercado. 2011. Disponível em: https://livrozilla.com/doc/1724371/avalia%C3%A7%C3%A3o-da-efic%C3%A1cia-bactericida-e-fungicida-do-%C3%A1lcool-em. Acesso em: 10 dez. 2022.

SILVA, J. R. E. Desenvolvimento e avaliação sensorial de formulação cosmética capilar contendo polpa de cajá (Spondias mombin L.). 2018. Monografia (Engenharia Química), Universidaqde Federal da Paraiba, João Pessoa, 2018.

SILVA, L. L. S. et al. Medidas de distanciamento social para o enfrentamento da COVID-19 no Brasil: caracterização e análise epidemiológica por estado. Cad. Saúde Pública, v.36, n. 9, 2020.

SINGH, A. K. SINGH, A, SINGH, R, MISRA, A. An updated practical guideline on use of molnupiravir and comparison with agents having emergency use authorization for treatment of COVID-19. Diabetes & Metabolic Syndrome: Clinical Research & Reviews, v.16, n.2, 2022.

TIYO R. et al. Determinação do álcool 70% utilizado para antissepsia em drogarias e farmácias de Maringá-Paraná. Revista Brasileira de Farmácia, v.90, n.3, p. 231-235, 2009.

THOMPSON, J. E. A prática farmacêutica na manipulação de medicamentos. Porto Alegre: Artmed, 2006. 576 p.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Advice on the use of masks in thecommunity, during home care and in health care settings in the context of the novel coronavirus (2019-nCoV) outbreak. 2020 [Internet]. WHO 2020.

Downloads

Publicado

11-05-2023

Como Citar

Costa, S. P. M., Dias, E. S., Sodré, Y. R., de Alencar Filho, J. M. T., de Miranda, J. A., Cavalvanti , M. F. B. de O., … da Costa, L. A. G. (2023). AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DE FORMULAÇÕES DE ÁLCOOIS EM GEL COMERCIALIZADAS NA CIDADE DE IRECÊ-BA. Arquivos De Ciências Da Saúde Da UNIPAR, 27(5), 2126–2146. https://doi.org/10.25110/arqsaude.v27i5.2023-002

Edição

Seção

Artigos