MUDANÇA NO PERFIL DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO EM UM TERRITÓRIO VULNERÁVEL DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA – CE DURANTE A PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS

Autores

  • Hassã Pereira Lemos
  • Andrea Tavares Barbosa
  • Francisco Eliclécio Rodrigues da Silva
  • Pablo Antero Gomes de Matos
  • Thamires Menezes de Albuquerque
  • Francisca Lays Oliveira Araújo
  • Rebeca Alvares Dias
  • Cristiano José da Silva

DOI:

https://doi.org/10.25110/arqsaude.v27i4.2023-009

Palavras-chave:

Aleitamento Materno, Cuidado da Criança, Atenção Primária à Saúde, Infecções por Coronavírus, Desmame

Resumo

Introdução: A prevalência do aleitamento materno exclusivo (AME) no Brasil permanece aquém do recomendado pela Organização Mundial da Saúde, principalmente no Nordeste. Destaca-se o papel da Atenção Primária à Saúde (APS), imprescindível para a manutenção do AME. Em 2020, entretanto, a APS de Fortaleza deixou de realizar parte de suas funções devido à pandemia do novo coronavírus (COVID-19), o que pode ter causado prejuízos ainda não identificados para o AME. Objetivo: Avaliar se houve mudanças na duração do AME durante a pandemia de COVID-19 em um território adscrito a uma Equipe de Saúde da Família (ESF) em Fortaleza. Métodos: Estudo observacional, transversal e quantitativo, pela revisão de prontuários das crianças assistidas pela equipe da ESF Lagamar 1, nascidas de setembro de 2018 a junho de 2019 (grupo pré-pandêmico) e de setembro de 2019 a junho de 2020 (grupo pandêmico). Os prontuários permitiram estabelecer a mediana das variáveis: duração do AME, número de consultas de puericultura até os seis meses de idade e de pré-natal durante a gestação, idade e paridade maternas e realizar a comparação entre os grupos. Resultados: Foram analisados 39 prontuários, sendo dois retirados do estudo por critérios de exclusão. Dos remanescentes, 15 (40,54%) pertenciam ao grupo pré-pandêmico e 22 (59,46%) ao pandêmico. A mediana do tempo de duração do AME foi de 2 meses e 1,5 mês, respectivamente. Houve redução ainda da mediana da idade materna (de 25 para 21 anos) e da paridade da nutriz (de dois para 1,5) entre os grupos. Além disso, durante o período pandêmico, 12 crianças já não estavam em AME no primeiro contato com a ESF. Conclusões: Houve redução na duração mediana do AME na ESF do Lagamar durante a pandemia de COVID-19. Contudo, o presente estudo teve limitações, como o pequeno tamanho da amostra. É necessária, portanto, a realização de outros estudos para fornecer evidências robustas e explicações acerca dos resultados encontrados para as variáveis.

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Publicado

28-04-2023

Como Citar

Lemos, H. P., Barbosa, A. T., da Silva, F. E. R., de Matos, P. A. G., de Albuquerque, T. M., Araújo, F. L. O., … da Silva, C. J. (2023). MUDANÇA NO PERFIL DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO EM UM TERRITÓRIO VULNERÁVEL DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA – CE DURANTE A PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS. Arquivos De Ciências Da Saúde Da UNIPAR, 27(4), 1715–1730. https://doi.org/10.25110/arqsaude.v27i4.2023-009

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Artigos