O FARDO DA COR: EXPERIÊNCIAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL VIVENCIADAS POR ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
DOI:
https://doi.org/10.25110/arqsaude.v29i3.2025-12204Palavras-chave:
Discriminação Racial, Racismo, EstudantesResumo
A discriminação racial na educação superior ainda é um obstáculo relevante no Brasil, afetando diretamente a continuidade escolar e a saúde mental de alunos negros. O objetivo deste estudo foi analisar as situações de racismo vivenciadas por estudantes universitários, tendo como foco os quesitos discriminação e preocupação da escala de experiências de discriminação racial. Este é um estudo descritivo, exploratório e transversal, com uma abordagem quantitativa, limitada com 829 alunos de cinco Instituições de Ensino Superior do Ceará. Entre setembro e dezembro de 2023, coletamos dados por meio de um formulário eletrônico que incluía questões sociodemográficas e a Escala de Experiências de Discriminação Racial. A análise dos dados foi realizada por meio dos testes ANOVA e post hoc, a fim de identificar diferenças significativas entre os grupos. Os resultados indicaram que alunos negros e pardos apresentavam níveis de discriminação significativamente superior em relação aos brancos. Além disso, indivíduos que não se identificam como binários e aqueles que optam por não se identificar também apresentam altos índices de discriminação. Alunos com mais de 30 anos relatam mais experiências de discriminação em comparação com os mais novos, provavelmente por causa da exposição prolongada ao ambiente acadêmico. Os resultados apontam que a discriminação racial constitui um obstáculo estrutural na educação superior, impactando o rendimento acadêmico, a saúde mental e a sensação de pertença dos alunos negros. Portanto, é crucial a execução de políticas institucionais antirracistas, que englobam ações afirmativas, apoio psicológico e estímulo ao letramento racial, com o objetivo de garantir um ambiente acadêmico mais inclusivo e justo. A persistência dos estudos sobre o assunto é crucial para avaliar a efetividade dessas ações e o progresso na promoção da igualdade racial nas instituições de ensino superior.
Downloads
Referências
ARRUDA, L. M.; ROSA, M. V. Necropolítica e o ensino superior: impactos e implicações nas instituições educacionais. Revista Diálogos Interdisciplinares, Aquidauana, v. 2, n. 14, 2024.
BARBOSA, X. C.; KOKKONEN, R. L. F.; SOUSA, S. B. “Eu não consigo respirar”: racismo estrutural e os desafios da educação para as relações étnico-raciais na rede federal de educação profissional, científica e tecnológica – Brasil. Educação Profissional e Tecnológica em Revista, [S. l.], v. 5, p. 29-51, 2021.
BEZERRA, L. Gênero, Raça e Classe: um olhar interseccional sobre a violência simbólica no cotidiano da universidade. Revista Feminismos, Salvador, v. 6, n. 2, 2019.
BRASIL. Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 30 ago. 2012a.
BRASIL. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 13 dez. 2012b.
BRAÚNA, C. J. D.; SOUZA, D. S.; ANDRADE SOBRINHA, Z. M. L. Letramento racial crítico: ações para construção de uma educação antirracista. Ensino em Perspectivas, Fortaleza, v. 3, n. 1, p. 1-10, 2022.
CARNEIRO, S. A construção do outro como não-ser: o racismo como fundamento da desigualdade. 2. ed. São Paulo: Pólen, 2020.
DAMASCENO, M. G.; ZANELLO, V. M. L. Saúde mental e racismo contra negros: produção bibliográfica brasileira dos últimos quinze anos. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, v. 38, n. 3, p. 450-464, 2018.
FATTORE, G. L. et al. Validade de constructo da escala Experiences of Discrimination em uma população brasileira. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 32, n. 4, p. 1-14, 2016.
GOMES, N. L.; SILVA, P. V. B.; BRITO, J. E. Ações afirmativas de promoção da igualdade racial na educação: lutas, conquistas e desafios. Educação & Sociedade, Campinas, v. 42, p. e258226, 2021.
GONÇALVES, K.; PINHEIRO, M. A desigualdade racial no ensino superior: desafios e perspectivas para a efetivação do direito à educação. Revista Tópicos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 14, 2024.
GUERRA, N. E. M. et al. O racismo institucional na universidade e consequências na vida de estudantes negros: um estudo misto. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 29, n. 3, p. e04232023, 2024.
GUIMARÃES, A. S. A.; RIOS, F.; SOTERO, E. Coletivos negros e novas identidades raciais. Novos estudos CEBRAP, São Paulo, v. 39, n. 2, p. 309-327, 2020.
MAROCO, J. Análise estatística: com utilização do SPSS. 7. ed. [S. l.]: ReportNumber, Lda, 2018.
PIRES, A. M.; OLIVEIRA, A. B. F.; SOUSA, W. C. Experiências universitárias de pessoas negras: desigualdade racial e saúde mental. Revista Sociais e Humanas, Santa Maria, v. 37, p. e68484, 2024.
POLIT, D. F; BECK, C. T. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: avaliação de evidências para a prática da enfermagem. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.
RABELO, D. F. et al. Racismo e envelhecimento da população negra. Revista Kairós: Gerontologia, [S. l.], v. 21, n. 3, p. 193-215, 2018.
RODRIGUES, G. F.; BREDER, D. “Raça” e racismo estrutural: (re)pensando a formação de professores na educação básica. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, Brasília, v. 39, n. 1, 2023.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os Direitos Autorais para artigos publicados são de direito da revista. Em virtude da aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua e a credibilidade do veículo. Respeitará, no entanto, o estilo de escrever dos autores.
Alterações, correções ou sugestões de ordem conceitual serão encaminhadas aos autores, quando necessário. Nesses casos, os artigos, depois de adequados, deverão ser submetidos a nova apreciação.
As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
