TRABALHADORES DOMÉSTICOS: QUALIDADE DE VIDA E PERCEPÇÕES SOBRE SEU TRABALHO E SUA SAÚDE

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25110/arqsaude.v29i2.2025-11508

Palavras-chave:

Emprego doméstico, Promoção da saúde, Vulnerabilidade

Resumo

Introdução: O trabalho doméstico no Brasil, embora tenha direitos legalmente reconhecidos e seja imprescindível para a organização social, continua como uma categoria laboral negligenciada. Sua invisibilidade afeta a qualidade de vida e saúde dos trabalhadores. Objetivo: Analisar a qualidade de vida de empregados domésticos e a percepção sobre a saúde e sua atividade laboral. Metodologia: Estudo transversal, de natureza quantitativa e qualitativa. Os instrumentos utilizados para avaliação foram: Questionário de Qualidade de Vida no Trabalho, versão abreviada (QWLQ-bref), questionário sociodemográfico e um questionário aberto para entrevistas online. Os dados foram analisados por meio do Microsoft Excel, correlação de Spearman e análise de conteúdo de Bardin. Resultados: 111 participantes responderam ao questionário online, sendo 97,3% do sexo feminino, com idade média de 39,82 anos; 43,2% pardos(as) e 38,7% brancos. A faixa de renda média de 41% foi entre 501-1000 reais mensais. 62% dos participantes eram diaristas, trabalhando de modo informal (45,9%) e sem contribuir para o INSS (62,2%). A análise do QWLQ-bref mostrou que 59% estavam muito satisfeitos e que a escolaridade tem uma correlação moderada e significativa com a qualidade de vida no trabalho. Apenas nove participaram das entrevistas, sendo oito diaristas e uma mensalista, responsáveis pela limpeza dos locais de trabalho. Conclusão: O trabalho doméstico é predominantemente desempenhado por mulheres negras ou pardas e de baixa escolaridade. Apesar da informalização e precariedade, a maioria se sente muito satisfeita com o trabalho exercido. No entanto, baixas pontuações foram encontradas no domínio físico/saúde.

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Biografia do Autor

Letícia de Almeida, Centro Universitário Cesumar

Acadêmica do Curso de Medicina, UNICESUMAR

Simone Rodrigues Milani, Centro Universitário Cesumar

Enfermeira. Mestre em Promoção da Saúde, UNICESUMAR. Doutoranda em Promoção da Saúde, UNICESUMAR

Marcos Aurelio Brambilla, Centro Universitário Cesumar

Economista. Doutor em Economia, UEM. Professor do PPG em Gestão do Conhecimento nas Organizações, UNICESUMAR. Bolsista de Produtividade em Pesquisa, ICETI-UNICESUMAR.

Lucas França Garcia, Centro Universitário Cesumar

Cientista Social e Bioeticista. Doutor em Medicina: Ciências Médicas, UFRGS. Professor do PPG em Promoção da Saúde, UNICESUMAR. Bolsista de Produtividade em Pesquisa, ICETI-UNICESUMAR.

Ely Mitie Massuda, Centro Universitário Cesumar

Economista. Doutora em História Econômica, USP. Professora do PPG em Gestão do Conhecimento nas Organizações e do PPG em Promoção da Saúde, UNICESUMAR.

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Publicado

25-07-2025

Como Citar

ALMEIDA, Letícia de; MILANI, Simone Rodrigues; BRAMBILLA, Marcos Aurelio; GARCIA, Lucas França; MASSUDA, Ely Mitie. TRABALHADORES DOMÉSTICOS: QUALIDADE DE VIDA E PERCEPÇÕES SOBRE SEU TRABALHO E SUA SAÚDE. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, [S. l.], v. 29, n. 2, p. 733–751, 2025. DOI: 10.25110/arqsaude.v29i2.2025-11508. Disponível em: https://www.revistas.unipar.br/index.php/saude/article/view/11508. Acesso em: 5 dez. 2025.

Edição

Seção

Artigos